quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Vou-me Embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei



Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconseqüente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive



E como farei ginástica

Andarei de bicicleta

Montarei em burro brabo

Subirei no pau-de-sebo

Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado

Deito na beira do rio

Mando chamar a mãe-d'água

Pra me contar as histórias

Que no tempo de eu menino

Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada



Em Pasárgada tem tudo

É outra civilização

Tem um processo seguro

De impedir a concepção

Tem telefone automático

Tem alcalóide à vontade

Tem prostitutas bonitas

Para a gente namorar



E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito

Quando de noite me der

Vontade de me matar

— Lá sou amigo do rei —

Terei a mulher que eu quero

Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.


Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

E agora.. José?

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?



Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 14 de setembro de 2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

fragmentos da coluna de júlia pessoa

gosto do que ela escreve!

"as coisas podem nem sempre estar do jeitinho que a gente queria, rotina pode ser um saco, mas se tudo acaba bem como ( ou com) um beijo na boca ( de diversos sabores, importante lembrar) ; a gente vai tocando a vida-nossa-de-cada-dia assim : na segurança de um cotidiano agradável; porém previsível."

"Sou contra os saudosistas que passam a vida esperando que o tempo contrarie sua essência e passe a funcionar em rewind. Voltar ao passado é atraso de vida. Mas fazer breves excursões, com data de ida e volta, é ter mais certeza do presente. Que me perdoe quem acha que seja hipocrisia dizer que toda experiência é válida, mas eu realmente acredito nisso. O que passou, passou,seja na base do “até que enfim”, ou do “que pena que acabou”."


"Espero que eu não seja piegas quando digo repetidos “eu te amo”. Espero também que mesmo quando eu não diga, eu seja capaz de expressar. Espero sempre que o tempo passe bem devagar quando você está por perto, e o mais rápido possível quando tem que estar longe. Espero ainda continuar sentindo esse amor de adolescente, que sufoca e tira a razão, sem deixar de esperar que um amor maduro; que faz planos e é companheiro, permaneça existindo. Espero que um dia eu entenda mais de futebol, pra poder fazer parte de mais um pouco do seu mundo. No fundo, até espero que você continue rindo do meu vício idiota de assistir comédias românticas previsíveis. Confesso que espero, com as mesmas borboletas no estômago de sempre, pela hora de te ver. Também espero que estejamos lado a lado ainda por muitas Copas do mundo. Espero que meu tempero agrade seu paladar seletivo e que minhas piadas agradem seu humor chaplinesco. Espero que cada briga seja sempre um pretexto pra uma reconciliação, e que cada pontada de saudade apenas o prenúncio do reencontro. Espero sempre caber no seu abraço. Espero que você nunca deixe de usar All Star surrado e os óculos escuros que eu tanto gosto. Espero o tempo que for pra você chegar do trabalho ou de onde quer que seja. Espero que a sua volta seja sempre pros meus braços. Espero que você continue sendo a última coisa que vejo antes de dormir, e a primeira que vejo ao acordar. Mal posso esperar pelo futuro que temos pela frente."

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Na esperança de encontrar respostas o querido e ficticio psicólogo busca entender o louco paciente e tenta dar de presente pra ele a dúvida.
Mas ele mesmo, escravo da razão não tem como sustentar seus desejos.
E é nesse momento que aprende com o insano a qualidade sã na insanidade!
Ps: não é uma apologia a loucura!


(extraído do facebook de um psicólogo.)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Eu gosto do Rio.

Momentos de importância e potência.




Organização.
Reflexão.
Solidão.

(30 de agosto de 2010- palácio do catete)
Passada a primeira fase de paixão (desculpem, mas passa, o que não significa tédio nem fim de tesão), a gente começa a amar de outro jeito.
Aí é que a gente começa amar melhor.
A respeitar; a valorizar; a conceder espaço; a querer que o outro cresça e não fique grudado na gente.


Lya Luft


eu quero trabalhaaaaaaaaaaaaaaaar!!!