domingo, 23 de novembro de 2008

O amor.... do livro princípio da crueldade.

Amo uma pessoa e a detesto: pois ela está inevitavelmente destinada a não me amar mais (caso mais cruel) a menos que acabe por não mais amá-la (caso menos duro, mas me faz suspeitar que a origem de toda decepção resida em mim mesmo).

A crueldade do amor (como a da realidade) reside nesse paradoxo ou nessa contradição que consiste em amar sem amar, em afirmar como durável o que é efêmero. Faz parte da essência do amor pretender amar sempre, mas de sua realidade amar apenas durante certo tempo. De modo q a verdade do amor não combina com a experiência do amor.

Toda a dor de amor enfraquece com o tempo e aumenta sua dor imaginar q um dia ela acabará. Pois o fim do amor é precisamente o que há de mais cruel no amor.

O amor realiza, ou melhor, parece realizar uma proeza impossível: transformar nada em algo assim como, aliás, por via inversa, transformar este mesmo algo em nada.

O amor é mágico de rosto duplo e contrário: sabe fazer surgir um objeto do nada, mas também sabe fazê-lo desaparecer.